Desenvolver sozinho um trabalho com qualidade é tão importante quanto ter um bom rendimento trabalhando em equipe. Essas duas habilidades diferentes são esperadas em qualquer profissional, porque há momentos e situações para cada uma delas - em qualquer área, em todo trabalho.
Quando a concentração é necessária para a leitura de um contrato ou redação de um texto, nada melhor que uma sala silenciosa e ninguém para interromper o pensamento. Agora, quando o assunto é a análise para melhoria de um projeto ou a busca por novas ideias para o desenvolvimento de um trabalho, não há o que substitua uma equipe competente, pensando junto e contribuindo com diferentes perspectivas.
Mesmo diante do segundo caso, há quem prefira trabalhar sozinho e sem opiniões diferentes da sua. No entanto, no papel e até mesmo durante as entrevistas de emprego são poucos e quase raros aqueles que assumem não ter essa competência. "Alguns profissionais encontram maior dificuldade em prezar pelo trabalho em equipe, em virtude do egocentrismo. As pessoas não aceitam compartilhar o conhecimento, os sonhos, as metas. Existe muito o 'eu' e isso não permite uma integração do grupo", afirma o palestrante e especialista no assunto, Dalmir Sant'anna, que diz ser fácil identificar profissionais com essa inabilidade.
Sant'anna explica que o individualismo, muito latente em alguns, é a maior causa da formação de equipes fracas e de pouco sucesso. "Quando paramos para estudar grupos que não dão certo, percebemos que eles são tão segregados, tão individualistas que não conseguem se desenvolver", diz. "Alguns profissionais sabem tudo da área, entendem tudo do trabalho, mas são incapazes de ensinar a pessoa que está ao lado", completa.
Estudando o outro lado, equipes fortes e com bom desempenho têm em comum, segundo Sant'anna, o reconhecimento por parte do gestor e dos demais integrantes do grupo. Ao invés da famosa "puxada de tapete", o mais percebido é o reconhecimento entre as pessoas. "Você percebe que não há um querendo boicotar o outro, mas sim, pessoas reconhecendo as diferenças, percebendo o nível de envolvimento de cada uma e, principalmente, sabendo dar parabéns para aquela que alcançou a meta", conta o palestrante.
..:: Tem de jogar junto ::..
Para ter um bom desenvolvimento em grupo é preciso muito mais que se relacionar bem com as pessoas. Segundo o consultor do Instituto MVC, Américo Marques Ferreira, trabalhar bem em equipe não é uma competência isolada, mas sim, um conjunto de habilidades que permitem que pessoas diferentes tenham objetivos em comum e caminhem no mesmo rumo. Nesse sentido, o mercado espera muito de todos os lados - profissionais e lideranças.
"O líder precisa dar exemplo, saber apoiar, estabelecer direcionamento, cobrar resultados, entre muitas outras coisas. E o profissional para participar de uma equipe precisa ter capacidade de empatia, saber ouvir, colaborar, perseguir objetivos comuns e assim por diante", explica Ferreira.O consultor direciona o assunto para o âmbito do esporte para exemplificar. Num jogo de futebol, o que seria do melhor do mundo, se aquele que não é tão consagrado quanto ele não passasse a bola? O que seria do goleiro se os outros jogadores não tentassem impedir a chegada do adversário na grande área? E o que seria do técnico se o time não estivesse alinhado, pensando em equipe e buscando a meta? Nada. Sabe por quê? Porque uma equipe só desenvolve junto, senão não pode ser chamada de equipe.
"Quando pegamos um time todo fragmentado, onde o ego é mais importante do que o resultado da equipe como um todo, vemos a equipe que tem as competências mais elevadas perdendo para uma outra que sabe trabalhar em coletividade, mesmo sendo mais fraca", exemplifica Ferreira. Para ele, isso é reflexo claro do mercado de trabalho, quando não há cooperação mútua entre as pessoas, os resultados são comprometidos.
..:: Transformando eu em nós ::..
A afirmação não é de que o trabalho individual será extinguido, muito pelo contrário, ele sempre existirá, afinal, em equipe ou não, sempre chega a hora de sentar e desenvolver a sua parte. Mas o que tem de acabar é o pensamento individualista, pouco coletivo. "Isso só será mudado quando as pessoas deixarem o ego um pouco de lado e perceberem que o que tem de aparecer não é o nome delas individualmente, mas o nome da equipe, do grupo", aponta Sant'anna.
Para que essa transformação seja efetiva será preciso parar de perder tempo com o que não é importante e focar no que realmente tem valor. "Há profissionais que perdem muito mais energia em não permitir que o outro alcance um objetivo do que em fazer com que a equipe seja bem-sucedida. Isso precisa ser repensado", afirma Ferreira.
"Precisamos estar em constante evolução e não parar nunca, isso ajuda na afirmação pessoal, que também pode melhorar a questão do trabalho em equipe", garante Sant'anna, que finaliza "O mercado valoriza muito profissionais que conseguem ter bons desempenhos - individualmente e em equipe".
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