Como têm visto, tenho revisitado alguns conteúdos que foram publicados no passado ou mesmo que ficaram guardados em uma gaveta virtual qualquer.
Compartilho a seguir um texto sobre o Santos Futebol Clube escrito em 2014. Muita coisa mudou desde lá, mas outras simplesmente permanecem iguais.
Boa leitura!
A lógica do desenvolvimento do turismo em uma determinada localidade, basicamente, parte do princípio que uma pessoa ou grupo de pessoas deseja ou precisa se deslocar de um local para outro, seja por fins de lazer ou negócios, por exemplo, consumindo uma série de produtos e serviços de fornecedores dedicados a atender o que se convencionou chamar de demanda turística.
Isso significa que os prestadores de bens orientados ao turista têm, voluntariamente ou não, alta especialidade e percepção aguçada quanto as especificidades dos desejos e necessidades dos visitantes.
A escala de prioridades que uma pessoa têm enquanto turista são diferentes das que possui usualmente. Isso é muito interessante e larga na frente quem compreender as emoções envolvidas nas decisões de compra de um viajante.
Essa reflexão inicial tem muito a ver com o esporte e, no caso brasileiro, com o futebol. Sou nascido, morador e entusiasta da cidade de Santos, litoral paulista, e associado desde criança ao Santos Futebol Clube. Como consta em nosso hino “é o motivo de todo o meu riso, de minhas lágrimas e emoção”.
Do mesmo modo que um turista, o amante do futebol (respondo por mim e muitos personagens que vejo na Vila) reverte toda sua escala de prioridades e valores. O fato é que o emblemático Santos Futebol Clube, a enigmática Vila Belmiro [atual Vila Viva Sorte] e a marca “Pelé” (Robinho, Neymar Jr. etc) modificam a percepção das pessoas sobre o futebol. O Peixe suplanta o gosto pelo time, é o Clube dos amantes do esporte.
Penso que o Santos tenha, sim, que mandar jogos, ter uma subsede social na capital, promover ações promocionais em São Paulo e interior e realizar ao longo do ano todo atividades voltadas a captação de associados e patrocinadores para o Clube. Isso tende a gerar intimidade com a marca “Santos Futebol Clube” e, sobretudo, incentivar que as pessoas visitem nossa casa.
A nossa casa é a Vila famosa, nossa praia é Santos. A lógica do turismo a qual me refiro, ainda que superficialmente, é essa. Visitar as pessoas na capital, interior e mesmo outros estados e países para convidá-las a conhecer a nossa casa, a nossa praia. E esse processo pode ser extremamente rentável.
Você sabia que “1.626.990 pessoas visitaram o museu do Barcelona em 2011. Trata-se do novo recorde para o passeio oficial, chamado de Camp Nou Experience”, conforme matéria do jornalista Cássio Zirpoli?
Em uma rápida pesquisa pela internet você verá que os Clubes mais rentáveis têm fortes ações de relacionamento com seus associados e entusiastas, que visitam (pagando) seus museus, estádios, compram produtos licenciados e – importante! – multiplicam a marca dos Clubes (ou empresas) pelas redes sociais, amplificando o retorno sobre a visibilidade da marca.
Vejo que tanto o Peixe quanto a cidade de Santos exercem grande influência emocional sobre as pessoas. A história e a beleza natural e cultural desses dois grandes atrativos que se complementam são fatores de atratividade ímpares, singulares. Em visita ao Memorial das Conquistas o Sr. Raul Braga disse "quem gosta de futebol adora a Vila Belmiro". Percebe?
Recentemente, por ocasião da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, a relação entre futebol e turismo ganhou se tornou mais clara, mais explícita. No geral demos um show de atendimento e bem receber. Pelo que conversei com alguns colegas, nossa falta de pontualidade foi o mais impactante aos olhos de estrangeiros.
O fato é que apesar dos grandes impactos sobre a vizinhança de bares, casas noturnas e mesmo estádios, entre outros problemas estruturais, o evento realizou-se a contento (para nossa Seleção, pelo menos fora de campo). Houve perdas e ganhos, impactos positivos e negativos, mas as pessoas puderam perceber a relevância do negócio “turismo”.
O negócio do turismo esportivo pode ser fonte de divisas para o Clube, a realização de eventos nas dependências da Vila Belmiro têm de ser parte de um esforço permanente de vendas e a promoção de ações de relacionamento com associados e outros visitantes pode conferir ganhos que traspassam gerações têm de integrar o DNA do Clube. Uma equipe ativa e profissional são essenciais nesse sentido.
Um forte abraço!
Sucesso sempre,
Aristides Faria