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7.20.2009

Como tornar seu RH estratégico de fato

Por: Lucimar Delaroli*Portal RH.com.br

Desde o ASTD de 2000, se não me falha a memória, o assunto mais comentado, os temas mais cobiçados, as intenções mais presentes entre gestores e RH, eram e continuam sendo "como tornar seu RH estratégico". Mas, o que isso significa de fato?

Agora mesmo em que estamos vivendo uma crise mundial com fortes reflexões na contenção de despesas das empresas - leia-se demissão, inclusive - como fazer RH ter voz, tornar-se diferencial? Esta é uma pergunta presente em 99% das turmas de treinamento que ministro. Sejam na formação de Analista de Treinamento, de Analista de RH, de coordenadores de Treinamento, enfim, onde há gente de qualquer subsistema de Recursos Humanos reunida é esta a pergunta.

Segundo depoimento de muitos destes treinandos suas empresas, salvo boas e crescentes exceções, não têm visão de longo prazo, não valorizam e não investem em treinamento, transformam os profissionais em burocratas de relatório. Além disso, não os chamam para participar das decisões, só focam em folha de pagamento, não têm planejamento estratégico estruturado e por aí vai.

Já viu este filme? Pois é. A pergunta que eu sempre faço é "E você, profissional de RH, está preparado para ser estratégico? Sabe o que é ser estratégico?". Geralmente a resposta é uma cara de espanto que varia do ofendido ao cético.
Se hoje seu diretor ou o CEO de sua empresa passasse a convidá-lo para as discussões estratégicas; solicitasse-lhe um plano de treinamento com indicadores de resultados; pedisse que você lhe "provasse" ou demonstrasse como o pessoal agrega valor; e mais, lhe pedisse que fizesse uma apresentação demonstrando o quanto a área de RH de sua organização é estratégica, o que você faria? Pense um pouco.
Logo, a pergunta é: RH não é estratégico porque os gestores não têm visão de RH, ou porque os profissionais de Recursos Humanos não sabem mostrar a que vieram? Sei que posso ser mal interpretada por esta frase.

Quantos de nós dominam bem uma planilha eletrônica, sabem fazer orçamentos, conhecem o negócio da empresa, sabem falar de indicadores com os gestores de cada área, conhecem as metas de curto e longo prazo da organização e sabe ler os relatórios financeiros produzidos pela diretoria? Se sua resposta foi sim para estas questões, então meu caro, você está pronto para ser estratégico.

Ser estratégico é demonstrar à sua empresa o quanto investir em gente dá retorno. É uma conta básica que qualquer supervisor de produção sabe fazer: tenho 10 funcionários e produzo 100 peças, se elevar a conta para 110 peças por funcionário mantendo os mesmos custos fixos estarei alavancando resultados. Simples, não?! Tudo bem, gente não é tão simples assim. Mas, o caminho é por aí.

Pegue-se um problema de queda de vendas, perda de clientes, queixa de clientes, saída de funcionários, como são objetivos, é mais fácil demonstrar a correlação entre ações desenvolvidas e resultados obtidos. Mas, mesmo assim, patinamos.

Veja só um exemplo recente trazido por uma treinanda: sua empresa tinha queda de vendas e aí decidiu-se treinar os vendedores e esperava-se que após o treinamento as vendas aumentassem, certo? Perdeu-se "x" reais nos últimos três meses; investiu-se "y" reais em um curso para tantas pessoas por tantas horas e ao final dos mesmos três meses em se recuperando as vendas e alavancando-as, teve-se um bom ROI.

Mas, aí é que está o problema, que chamo de "inocência de RH". Não se pode atribuir toda a solução a treinamento, porque se o número não voltar a crescer, deduz-se que o treinamento falhou. E providencia-se a demissão do treinador ou o fim dos treinamentos (estou exagerando, lógico!).

Mas, alguém cogita em acabar com a área de vendas? E de marketing? Por quê? Por que estas áreas conseguem se provar de sua importância e RH não? Para que uma empresa venda ou volte a vender, basta ter uma equipe treinada? Não. Há muitas variáveis envolvidas: Logística entrega corretamente? Marketing divulga adequadamente? Produtos tem bons preços? Como está a concorrência local? Todos estes são fatores que podem interferir na performance de vendas, concorda?

Então, o RH antes de topar esta missão simplista: treino é igual a aumento de vendas, por exemplo, precisa entender do negócio, da atividade-fim da empresa, conhecer suas variáveis. E se não conhece, de quem é a "culpa"? Torna-se então boi de piranhas.

Coloque-se você no lugar de um empresário: um RH chega e te pede "x" reais para treinar "y" pessoas. Você pergunta: "E o que ganhamos com isso?". Daí o camarada te responde apenas com coisas subjetivas, nada de números. Você daria este dinheiro a ele? Agora a culpa disso é sua - que tem visão de curto prazo, não enxerga e não valoriza pessoas - ou é do profissional de Recursos Humanos - que não sabe te explicar direito? Quem é o especialista, o técnico?

Caro RH, se sua empresa se encaixa no exemplo citado acima e você se sente "vítima" de empresários míopes, está na hora de mudar seus conceitos e ver que há enormes oportunidades nesta organização, mas que você vai ter que suar. Se você não faz parte deste grupo e trabalha em uma companhia em que RH é valorizado e senta-se na cadeira das decisões estratégicas, então você é um cara feliz e nem deve ter lido este artigo. Sucesso.

* Lucimar Delaroli, MBA em Marketing – ESPM/RJ. Especialização latu senso em Gestão de Recursos Humanos (MBA) - PUC/RJ. Dinamicista de Grupo e Habilitada na metodologia MBTI® de Inventário de Personalidade. Psicóloga, Bacharel e Licenciada em Psicologia – Universidade Gama Filho. Possui 20 anos de experiência em gestão de T&D e em RH em empresas nacionais, multinacionais e Consultorias. Desses, 12 anos atuando como Consultora de empresas realizando Diagnósticos Organizacionais, soluções educacionais em Gestão de Pessoas e implantação de treinamentos. Implementou programas de Estágio e Trainee, PDG, Banco de Talentos e Gestão por Competências em diferentes organizações. Professora dos cursos de Pós-graduação nos MBAs de Marketing da ESPM e de Gestão de Negócios do IBMEC; bem como de diversas disciplinas do curso de Tecnólogo em RH pela UNESA.

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