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7.29.2009

O intercâmbio virou pesadelo

São muitas as histórias de jovens que passaram por apuros em programas de trabalho e estudo fora de seu país.

Eles chegaram em agosto do ano passado à cidade americana de Scranton, na Pensilvânia, de países tão diferentes quanto Vietnã, Colômbia e Noruega. O objetivo: juntar-se à peregrinação de cerca de 30 mil estudantes estrangeiros que viajam aos EUA todos os anos para estudar, aprimorar o inglês e conhecer a cultura do país, em caros programas de intercâmbio que prometem uma experiência “inesquecível”.

Um ano depois, porém, voltaram para casa com histórias pouco felizes para contar, que incluem casos de negligência e maus-tratos por parte dos que tinham, justamente, o dever de protegê-los.

O colombiano Carlos Villarreal, 18 anos, percebeu que algo estava errado logo que pôs os pés em território americano. Em vez de ser encaminhado diretamente para uma casa de família, com pessoas preparadas para recebê-lo, precisou bater de porta em porta na cidade de 75 mil habitantes, acompanhado por Edna Burgette, funcionária da Aspect Foundation, organização de intercâmbios sem fins lucrativos com sede na Califórnia. Ela implorava para que alguém o aceitasse.

Basicamente, estava me vendendo como um pedaço de carne – relata.

Villarreal acabou tendo de viver com ex-condenados em uma casa inabitável, que cheirava a fezes de cachorro e onde bilhetes presos na comida diziam “não tocar”. Retornou à Colômbia com seis quilos a menos.

Não via a hora de o intercâmbio terminar – admitiu o colombiano.

A norueguesa Anne Bardoz, 16 anos, não teve melhor sorte. A família para a qual foi encaminhada não tinha condições de sustentá-la. Um mês depois, Edna a transferiu para um apartamento imundo onde já moravam outras três pessoas. Havia fezes de animais espalhadas pelo chão, e o cachorro urinava em sua cama e roupas.

Foi o pior lugar em que já estive – garante Anne, que terminou sua passagem pelos EUA morando na casa do diretor da escola em que estudava.

Depois que uma TV local mostrou uma reportagem sobre a situação dos estudantes, o caso escandalizou os americanos. Mobilizou a promotoria e até o senador pela Pensilvânia Robert Casey. Ele disse que a Aspect Foundation sabia que os jovens estavam em apuros e preferiu ignorar o fato. Edna foi demitida.

E Scranton não é um caso isolado. Intercambistas de todas as partes passam por más experiências no Exterior. Maus-tratos a estudantes estrangeiros geralmente não são denunciados, afirma o investigador aposentado da polícia britânica Chris Gould, consultor para programas de intercâmbio de todo o mundo. Além das barreiras culturais e linguísticas, os estudantes têm medo de serem mandados de volta para casa.

..:: Fonte: Zero Hora

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