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5.06.2009

Queixas improdutivas

Por: Jerônimo MendesPortal RH.com.br

De acordo com Fredy Kofman, autor de Metamanagement, Editora Campus, não existe nada mais prejudicial para as empresas, e para o próprio ser humano, do que aquilo que ele denomina de queixas improdutivas. Eu mesmo já fui vítima delas, nos meus áureos tempos de mundo corporativo, ao sofrer as consequências das queixas expressadas contra mim e até mesmo quando eu me queixava de terceiros para terceiros, inutilmente.

De fato, isso nunca me levou a lugar algum. Ao contrário, esse tipo de comportamento afastou-me de muitas pessoas, cujo relacionamento é difícil de recuperar. Contudo, existem certas coisas que a gente pratica de teimoso, ainda que você tenha consciência da perda, por vezes temporária, outras não. Graças a Deus, a vida vai batendo na gente e você vê que o diálogo aberto e o respeito entre as partes ainda são os maiores antídotos contra esse tipo de problema.

Em geral, as queixas improdutivas no ambiente de trabalho, embora ocorram em qualquer círculo de relacionamento, são caracterizadas pelas seguintes atitudes, segundo Kofman:

Geralmente, são expressadas diante de terceiros: trata-se de um péssimo hábito do ser humano ao tratar o problema paralelamente, nos corredores ou no banheiro, em vez de discutir com os envolvidos ou com aqueles que têm o poder de resolvê-lo;

Buscam simpatia e apoio: por mais que não façam sentido, buscam a concordância de um terceiro, em geral com afinidade em relação ao mesmo problema; imagine dois descontentes compartilhando uma insatisfação por um longo período;

São repetitivas: a pessoa gosta de sofrer ao ficar repetindo, o tempo todo, a mesma coisa; depois de cinco anos, você encontra o sujeito, descontente como tal, sem coragem de enfrentar a situação, mas ainda continua na empresa;

Conduzem a juízos pessoais negativos: como os problemas não são tratados na essência e são carregados de uma boa dose de emoção, tendem a desmoralizar o sistema ou a outra parte com comentários negativos, pejorativos e desmoralizantes que induzem a um raciocínio impreciso;

Estão orientados para a descarga emocional: como o ser humano está sempre à procura de um ombro amigo, as queixas improdutivas são um prato cheio para o início de um desabafo sem sentido;

Buscam vingança: trata-se da consequência mais devastadora, ainda mais quando carregada de emoção e subjetividade considerando que os nossos instintos primitivos estão apenas adormecidos; o apoio é, quase sempre, a alavanca para despertar o que já está latente dentro de uma pessoa mal intencionada;

Geram rancor e inimizade entre as facções: as queixas improdutivas estimulam o fortalecimento das forças de coalizão; a energia que poderia ser canalizada para a solução do problema ou para a criação do espírito de equipe acaba dissipada com magoas, ressentimentos, empobrecimento do afeto e inimizade entre as facções.

Existe um momento na vida em que cada ser humano deve repensar a sua missão no mundo e ao fazê-lo, de maneira consciente, vai chegar à conclusão que só existem três maneiras de se livrar das queixas improdutivas que castigam a sua forma de agir e pensar no ambiente de trabalho e na sociedade em geral:

Dificilmente uma empresa muda a sua forma de trabalho porque um dos seus colaboradores anda se queixando há mais de dez anos pelos corredores. Portanto, é mais fácil mudar o colaborador; hoje, em função da crise, as empresas tendem a ser menos complacentes ainda com aqueles que, apesar de tudo, continuam reclamando.

A melhor forma de resolver o problema é tratá-lo diretamente com aquele que o causou ou, então, com aquele que tem poder - autoridade formal - para isso; o seu colega de trabalho jamais vai dar a cara para bater em favor de algo que você mesmo é incapaz de enfrentar.

Se você não tem objetivos na vida, torna-se improdutivo e crítico do trabalho alheio; portanto, ao contrário do que diz o ditado, em vez de cabeça vazia, que tal uma oficina de ideias, otimismo e alegria?

Por fim, lembre-se: você é o único responsável por aquilo que acontece ao seu redor. Comece a enumerar as queixas que você faz diariamente em todos os lugares que passa e verá que a única solução para livrar-se delas é transformá-las em reclamações produtivas, ou seja, aquelas que são objeto de reflexão, análise e uma mudança definitiva de comportamento. Pense nisso e seja feliz!


* Ao longo de vinte e cinco anos de carreira, Jerônimo Mendes trabalhou em empresas como Kablin, Bamerindus, Brahma, Texaco, Volvo e CSN. É Professor Universitário, palestrante e administrador de empresas formado pela FAE - Faculdade Católica de Administração e Economia, com curso de especialização em Logística Empresarial também pela FAE e Formação em Consultoria pelo IEA - Instituto de Estudos Avançados, de Santa Catarina. É especialista em empreendedorismo, plano de negócios e gestão de empresas, tendo publicado vários artigos sobre o assunto em jornais, revistas e sites especializados na Internet. Sócio-gerente da Consult Consultoria de Gestão e Treinamento, tem a missão de assessorar empresas em todo o país com treinamentos e consultorias na elaboração de planos de negócios, reestruturação e gestão integral. www.jeronimos.com.br

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