Existe uma infinidade de detalhes que poderíamos identificar suas semelhanças da cultura organizacional com o cenário competitivo interno e externo, focado em: liderança, clima organizacional, estratégias, vitórias, equipe, comemorações e histórico. No tema liderança, vimos nos Jogos Olímpicos, uma série de técnicos vencedores que não ganham medalhas e nem participam das comemorações no pódio; não é permitido ir com seu comandado ou com sua equipe comemorar.
Percebo que falta comemoração nas empresas e se não tomarmos conta disso será uma eterna batalha diária sem o sentimento de chegada para celebração. Eu vi uma atleta que foi medalha de ouro agradecendo seu técnico "obrigada, obrigada, obrigada". A cena foi muito bacana. Até pensei: e se ocorresse em um esporte coletivo, será que teriam essa força e vibração que presenciei no individual? Seria uma equipe imbatível, pronta para ganhar tudo, seja uma medalha de ouro ou os objetivos estratégicos na empresa.
No assunto clima organizacional deu para eu fazer uma correlação entre o mundo empresarial e o esportivo. Aqui, deixo claro que foi muito nítido que não interessa a quantidade de pessoas envolvidas; afinal, na sua grande maioria, a competição era mesmo individual. Fica um ponto de destaque: não importa se na equipe existam poucos integrantes, o clima é um fator diferencial para as conquistas.
Nas estratégias, um esquema mal planejado resume em uma falta de objetividade e de satisfação para a conquista do resultado. Nesse momento, surge um assunto importante que, nos Jogos Olímpicos, é aquele momento decisivo e, dependendo da modalidade esportiva, não dá para mudar nada, absolutamente nada. No mundo empresarial, algumas vezes temos a possibilidade de rever as estratégias. Se elas são definidas em equipe, o resultado se torna praticamente imbatível; afinal, todos fizeram um consenso da estratégia.
Vitórias. Como é bom vencer! Mas a vitória sem uma estratégia definida, mesmo se o clima organizacional for favorável, nem sempre é tudo. É muito semelhante ao mundo empresarial e esportivo, onde até mesmo nas vitórias fica muito transparente a existência da possibilidade de mudanças buscando a perfeição. Uma derrota no cenário organizacional é um sinal que pode levar à inexistência de uma marca. Veja que interessante como é forte esse tema, que se refere à marca da própria empresa, de um produto, de uma equipe ou da nossa própria história.
Como já mencionado, em um esporte individual somado ao técnico pode ser imbatível, afinal, existe nessa relação o planejamento, o sonho, uma decisão.
Equipe é muito diferente de time; o que fica evidenciado cada vez mais essa questão. Podemos perceber no mundo esportivo e no empresarial a dinâmica que ocorre de fazer com que se defina a diferença competitiva e que isso possa fazer o resultado vir de várias maneiras em relação de ser mais sofrido ou menos tenso. A melhor forma de se trabalhar com uma equipe é com ética e transparência na relação entre líder e equipe, e vice-versa, que é tão essencial.
Comemorações, aqui o mundo empresarial precisava colocar em prática com tremenda urgência o que acontece no cenário esportivo e que nos últimos Jogos Olímpicos - Pequim/2008 - nos mostrou. No mundo empresarial vejo que é um negócio mecânico, aqui faço uma correlação que no cotidiano é como se fosse um treinamento para classificação para Olimpíadas, mas quando acontece uma performance diferenciada uma medalha de ouro, por exemplo, é show. Tem que ser comemorado.
Um registro que faço é de que dependendo da situação, uma performance prata - seja ela no mundo empresarial ou no mundo esportivo - deveria ter investimentos para que na próxima ocasião se transformasse em ouro. No entanto, esse tipo de avaliação e feedback acaba caindo no esquecimento.
Histórico é uma situação que valoriza e muito nossa vida pessoal e profissional, acredito que na mesma proporção. No mundo esportivo, até mesmo na questão de comunicação e informação, revivemos a história de cada esporte com seu principal esportista, sua marca e seu feito. Isso ninguém tira, nem mesmo o tempo, que é implacável, as novas tecnologias, as indústrias produzindo produtos de maior qualidade, dão a chance para que todos possam bater suas próprias marcas e seus próprios recordes. No mundo dos negócios, não vejo tanta energia assim, até mesmo nas avaliações de performances, que geralmente são realizadas semestralmente, ocorre isso, de se valorizar um acontecimento ou um profissional.
Em todas minhas consultorias, um tema que converso muito é que se a partir do momento a própria empresa possui uma ferramenta de gestão, ela mesma acaba não dando o valor necessário para tal. Claro que a avaliação de desempenho é o momento para que haja evidências nos pontos positivos e correção de rota em alguns itens que precisam de investimentos para melhorias.
Tenho comigo que um profissional satisfeito é primordial e que se ele está satisfeito e incluso em um grupo, multiplicando as boas práticas, então é decisivo para conquistas seguidas. A empresa precisa valorizar suas ferramentas, atuando para que todos tenham a percepção de estar sendo valorizados a partir de regras claras e definidas. Nosso histórico é uma dos principais valores do nosso currículo profissional e, acima de tudo, pessoal.
Os temas acima questionados seriam um investimento no dia-a-dia, para não termos, no final, tamanha desproporção no quadro de medalhas. Ao comparar, como exemplo, uma empresa com suas filiais, e em seu ranking, uma desproporção de performance incompreensível; afinal, possui a mesma marca, qualidade, profissionais treinados, um público semelhante, o mesmo produto.
Aqui a resposta para o mundo empresarial é mais difícil de conseguir, será mesmo? Não sei, porque no mundo esportivo podem faltar estratégias, decisão e garra, mas ele sobrevive até outro evento, mas em uma empresa, isso passa longe de acontecer, afinal, a competitividade é diária e o resultado é sempre para ontem. Temos que conquistar uma medalha todo dia, porque se não fizermos alguém estará fazendo, tirando nosso lugar no pódio e influenciando em nosso histórico. Até breve, e boas conquistas!
* O autor é graduado em Psicologia com ênfase em Organizações, Pós-Graduado em RH na Gestão de Negócios e Mestre em Administração em Recursos Humanos.
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