Por: Aristide Faria
Na última sexta-feira (27/03) tive a oportunidade de ministrar uma palestra sobre elaboração de currículos. O título que a escola de educação profissional em que ministro aulas regulares propôs é o “Currículo perfeito”. Não concordo com o título, tampouco me apresentei com uma série de modelos prontos.
Tive o cuidado de logo justificar minha visão. Sempre digo que estes modelos estão disponíveis aos montes na internet e poderão ser melhores que qualquer um que apresentar. A grande questão é: “Seu currículo é perfeito para quê”? A resposta pode ser: “para ser um bom papel para anotações e rascunhos”. É perfeito. Mas esta perfeição nos ajuda em nada. Neste assunto, tudo passa a depender uma série de variáveis. Como eu poderia apresentar um só modelo de documento para uma sala tão heterogênea?
A diversidade em uma sala de aulas como a que me recebeu nesta data começa pela faixa etária. A segunda parte deste “problema” – que na verdade não é um – é o mercado de cada aluno (alguns são do curso de informática, outros do de inglês e, ainda, meus alunos de Turismo & Hotelaria).
Citei a diversidade enquanto um problema, mas, em verdade, ela não é. Ao contrário, conviver com o diferente e o não-usual é uma oportunidade de aprender mais sobre nós mesmos e sobre os demais. É uma chance incrível de experimentarmos outras culturas e tornarmo-nos mais humildes. Saber adaptar-se ao ambiente é uma tarefa árdua, requer muito esforço pessoal. Saber adaptar-se ao ambiente e conviver harmonicamente com as pessoas em que nele vivem é um desafio maior ainda – e que nos oferece recompensas sem preço e medida.
Gostaria de levar estes alunos – cerca de 30 – para realizar uma dinâmica de grupo ao ar livre. Eu já previa uma diversidade como a que encontrei, mas os alunos provavelmente não. Inicialmente todas ficaram com receio de apresentarem suas dúvidas e contar suas histórias (o que é a essência do currículo!). Logo de início disse que a elaboração de um currículo é um mito e que temos (me incluí) até vergonha de mostrar nossa apresentação aos demais. O pessoal começou a relaxar...
Fico curioso se este workshop tivesse acontecido em um café na volta de uma trilha, por exemplo. Todos fatigados, mas felizes por terem conseguido juntos alcançar o objetivo de concluir a tarefa. A satisfação neste momento seria outra, bem diferente da sala de aula abafada em que aconteceu a atividade. Na ocasião disse que estar ali, em plena sesta-feira à noite com aquele calorão era “pagar o preço”. Na natureza, pagar o preço é muito mais agradável. Aliás, é como se quiséssemos pagar mais caro (ou ter mais emoção e contato com o meio e seus habitantes).
Talvez alguns deles tenham sentido falta de um modelo pronto de currículo. Provavelmente eu não tenha conseguido expor tão bem a idéia do “Profissional 360º”, que propus para analisarmos nossa carreira. Talvez eu não tenha conseguido fazê-los perceber que o currículo só é perfeito para todas as ocasiões quando o profissional adapta-se aos diversos ambientes e tem foco, objetivos claros. Contudo, tenho a plena convicção de que despertei em todos daquela sala o desejo de serem pessoas melhores.
Estou convencido de que ao desperta-los sobre a questão da diversidade, citando o exemplo deles próprios, ajudei a vencerem preconceitos e a compreenderem melhor os outros e eles mesmos.
Para participar de uma atividade ao ar livre e ter a oportunidade de conviver com o diferente e o desconhecido clique aqui!
PUBLICAÇÃO SIMULTÂNEA NO BLOG DA ABBTUR SÃO PAULO E NO WEBSITE OUTRO LADO DA NOTÍCIA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário