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3.17.2009

A H. Stern não vende bijouterias

Por: Suely Pavan - Pavan Desenvolvimento

Nas minhas andanças pelo Brasil ministrando cursos e palestras tenho notado algumas coisas interessantes (e tristes) no que se refere ao item “organização de eventos” por parte de algumas empresas. A coisa, porém, ficou mais evidente por ocasião da “encenação” e não homenagem ou reverência quanto ao dia Internacional da Mulher em algumas grandes empresas. E foi este desrespeito comigo e com os participantes que me motivou a escrever este texto.

Bom, começando do começo.

1) É incrível como um monte de empresas pede propostas/orçamentos urgentes e não tem a mínima competência de dar um retorno sequer. Algumas fazem questão de não colocar dados básicos, tais como nome da empresa, telefone e data provável da realização do evento. E depois tal como “nuvens de fumaça” desaparecem!

Mamãe diria que este é um caso grave de falta de educação!

Vários dos meus cursos e palestras já tiveram os títulos, objetivos e conteúdos copiados e depois remetidos para mim. Quando criei, após anos de pesquisa, o trabalho “A força do Universo Feminino” em 2001 fiz uma pequena divulgação no formato palestra, e qual não foi a minha surpresa ao ver este título ocupando meia página do jornal o Estado de São Paulo do domingo, contendo o meu trabalho, só que ministrado por outra pessoa!

Em apenas uma semana uma famosa palestrante (marqueteira) simplesmente copiou (sem pesquisa e nada) os dados do meu evento e colocou o marketing dela pra funcionar com um preço absurdo. O evento dela lotou e o meu só teve uma turma!

A resposta é simples, ela tem marketing e eu conteúdo. O que as empresas procuram?

2) A Barganha: Tem empresa que literalmente entra na H. Stern e fica barganhando com a vendedora, o preço da jóia. Quer pagar o valor de uma bijouteria e levar uma jóia. Embora os textos de negociação falem sempre em “Ganha-Ganha”, na vida real o que mais vejo é: Eu ganho, você perde!
Exceção feita aos profissionais midiáticos, e na maioria das vezes sem conteúdo ou especialização em nada!

Raramente uma empresa está preocupada com o tempo de experiência do consultor/palestrante/facilitador em relação ao tema que ele ministra e muito menos na sua especialidade. Aliás, especialidade pouco importa. Vejo um monte de especialistas em comportamento humano, que jamais fizeram uma graduação sequer na área de humanas!

Mas quem se importa com isto? O negócio é ser baratinho. Aliás, quem se importa com o público que receberá o conteúdo? Por falar em conteúdo. Quem de fato se importa com ele?

3) Aí chega o pior momento: O dia do evento. Costumo fazer para os meus clientes propostas muito claras, contendo os “fatores de sucesso para o evento”, como por exemplo, se houver uma abertura a mesma deverá estar “afinada” com o objetivo do trabalho e não comprometer o horário do curso ou palestra, etc e tal. Tudo claro, e normalmente assinado por ambas as partes. Minha conclusão é: Poucos são os que lêem o que está escrito. Já que na maioria das vezes ligam e perguntam coisas explicitadas na proposta. O que acontece na maioria dos casos é que a sala não está arrumada como foi solicitada. A apresentação do “diretor star” nada tem a ver com o conteúdo (de novo ele) a ser ministrado. O coitado não recebeu nem sequer um “briefing” do que será apresentado... Houve uma vez numa empresa que a gerente da área disse para um grupo antes de uma palestra sobre Liderança: Vocês estão aqui para levar o que merecem “broncas”. Fiquei chocada com a atitude da mulher, até porque não iria dar bronca e ninguém e tive que lidar desde o início com uma platéia assustada! Consegui driblar o fato, e isto acabou por espantar a tal gerente da sala. Ela também nunca mais me chamou para nenhum trabalho. Bom, ainda bem!

Pessoas contratam facilitadores/palestrantes sem ter idéia da metodologia que trabalham, e depois no meio da apresentação “ficam palpitando” e querendo mudar isto e aquilo, mesmo que o público esteja adorando e tendo orgasmos múltiplos. Tudo tem que ser raso, uma espécie de espetáculo para ignorantes. Muitas empresas menosprezam a capacidade de inteligência do seu público e querem contratar um evento que mais lembra o circo ou um “show” de ilusionismo!

Como elas não se preocupam com o conteúdo, e com a metodologia e querem apenas que as pessoas recebam informação de forma passiva e burra, mesmo que divertida, alguns contratantes não se conformam se a platéia participa. O importante é que a platéia dê risadas. Este é o medidor da participação e do sucesso ou não do trabalho. Caras interessadas, e que refletem sobre algo parece não interessar aqueles que contratam e ficam na parte de trás do evento (sem visão alguma) batendo papo e puxando saco de chefes. Acredito eu que aquele que contrata um curso ou palestra e tem a função de acompanhá-lo deve sentar-se num ângulo que permita verificar as reações do público e não ficar desqualificando o profissional batendo papo e saindo a toda a hora da sala.

Ah! Sair e entrar na sala, que horror. Palestra na qual os participantes saem da sala ou são chamados para resolver problemas de última hora denotam falta de respeito e educação. Imagine uma peça de teatro na qual os participantes entram e saem?

Profissionais H. Stern sabem que isto é prejudicial, e tira a concentração do apresentador e do grupo.

Na última palestra que ministrei fui surpreendida com a colocação de cadeiras extras durante a apresentação. Embora o valor cobrado tenha sido antes combinado para um número “x” de participantes fui surpreendida com mais de quinze cadeiras extras enquanto falava!

E o contratante não teve sequer a gentileza de ao menos no final da apresentação me pedir desculpas sobre o ocorrido.

4) O pagamento é um item à parte. Embora sua forma esteja claramente citada na proposta-contrato, não é raro a empresa atrasar os pagamentos, mesmo que um boleto esteja em jogo, isto parece não preocupar as grandes empresas. Elas atrasam e ponto final! O palestrante que arque com os juros de sua própria empresa. Afinal a negociação ganha-perde, tem um único lado: O do profissional contratado.

Os problemas que aponto aqui não são apenas vividos por mim, mas pela grande maioria de profissionais H. Stern, aqueles que trabalham de fato, pesquisam, estudam e se esforçam a cada dia para apresentar um trabalho com conteúdo para os seus clientes e por esta razão tem preço obviamente diferenciado e exigem um tratamento qualificador. Os “profissionais Bijouteria” raramente terão este tipo de problema. Eles tudo aceitam. Só gente qualificada não gosta de ser desqualificada.

Infelizmente na hora da compra - o mercado não sabe em função de sua própria desqualificação e incompetência - perceber a diferença.

Eles não têm critérios de compra e nem percebem a diferença de uma jóia e de uma bijouteria. Normalmente desqualificam as jóias e as tratam como bijouterias. Ou ficam tentando a todo o tempo competir e rebaixar de alguma forma as tais jóias. Querem porque querem transformam jóias em bijouterias.

Aliás, para fazer um evento é necessário ser especializado em eventos. Saber e respeitar posições das salas. Oferecer lanches quando se sabe que as pessoas terão que se deslocar de diferentes lugares, e servi-los antes do evento de forma a não criar distrações estomacais. Enfim, todos aqueles pensamentos, atos e cuidados que profissionais acostumados a receber pessoas sabem fazer com maestria!

Este negócio de “faz tudo” geralmente mostra que não se sabe fazer nada. Cada macaco no seu galho!

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