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11.10.2008

Resposabilidade ambiental: "Os três 'Rs' da preservação"

Por: Mariana Hansen & Márcia Lisboa - FIOJOVEM

A matéria-prima para a fabricação do plástico é o petróleo, um recurso não-renovável. Ou seja: reciclar as sacolas significa economizar petróleo. "Quando jogamos plástico fora, estamos jogando petróleo no lixo", diz o presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos. Atualmente, 4% do petróleo mundial é destinado à produção de plásticos.

Francisco de Assis Esmeraldo, presidente do Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos (Plastivida), resume o trabalho da instituição com três R's: reduzir, reutilizar e reciclar.

A primeira proposta seria uma medida de curto prazo. Esmeraldo explica que se as sacolas plásticas distribuídas pelo comércio estivessem dentro das normas, ou seja, suportassem os seis quilos exigidos, o consumo seria reduzido. Para isso, a Plastivida lançou em abril uma campanha pela qualidade das sacolas disponíveis no mercado. "Estimamos que, em um ano, haverá redução de 30% do consumo".

Outra redução possível está em adotar medidas já existentes na Europa, como cobrar pela sacola plástica, o que obrigaria a reutilização. Como ficaria o lixo doméstico? Haroldo de Lemos diz que seria necessário fazer um estudo para saber o que sairia mais barato: reutilizar a do mercado ou comprar a própria para lixo.

O segundo R, a reutilização, pode estar nos hábitos mais simples do dia-a-dia, como usar a sacola do mercado para colocar o lixo doméstico. "As empresas de coleta de lixo não aceitam que se jogue o lixo de qualquer jeito, porque dificulta o recolhimento. As sacolas prestam um serviço de acomodar bem o lixo", aponta Haroldo de Lemos. Ele destaca que o hábito ajuda a reduzir a emissão de gases causadores das mudanças climáticas, retardando o processo de decomposição do lixo.

Na opinião do presidente da Plastivida, as pessoas mais pobres são as que mais reutilizam as sacolas: "Usam para forrar gaveta, fazer pipa e outros brinquedos para as crianças, além de acondicionar o lixo". Campanhas de reutilização são uma arma para redução do consumo. "Lançaremos as sacolas plásticas retornáveis ou as chamadas ecológicas, que podem ser de pano, papel ou nylon. As plásticas serão mais resistentes."

O último R é o da reciclagem. Para o Francisco Esmeraldo, esta é uma questão que passa pela coleta seletiva do lixo, que considera um grande desafio. "Menos de 7% dos municípios brasileiros têm coleta seletiva", revela. De acordo com dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), em 2006, o Brasil consumiu cerca de um milhão de toneladas de plásticos, mas apenas 20% dele foram reciclados.

Ainda assim, o Brasil ocupa o quarto lugar em reciclagem mecânica, ficando atrás da Alemanha, Áustria e Estados Unidos. Um ponto a nosso favor é o fato de a reciclagem no país ser espontânea, enquanto na Europa, por exemplo, a prática é impositiva e regulada por legislações rígidas e custosas para população.

Usina verde

Mesmo espontânea, a reciclagem do plástico não é simples e, por isso, não atrai tantos catadores como os de alumínio (latinha), por exemplo. O plástico é muito leve, difícil de coletar, especialmente as sacolas. Além disso, deve ser separado por cor e tipo antes de ser vendido, já que os sacos não podem ser reciclados juntos. Tudo isso dificulta sua reciclagem em massa.

A solução apontada pelo presidente da Plastivida é a reciclagem energética. Plástico sendo transformado em energia, assim como o lixo orgânico. "As usinas de recuperação energética são uma solução para o lixo no Brasil", acredita Esmeraldo. O conteúdo energético do plástico é igual ao do óleo diesel e superior ao da gasolina. Assim, um litro de óleo diesel produz a mesma energia que um quilo de plástico. Retira-se todo lixo reciclável com valor de mercado. O material orgânico e o plástico vão para uma "usina verde", transformando-se em energia elétrica para casas e até mesmo indústrias.

No Brasil, existe apenas a Usina Verde que transforma plástico e lixo orgânico em energia. A experiência-piloto localiza-se no campus do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo Francisco Esmeraldo, o Japão possui cerca de 200 usinas de reciclagem energética e a Suíça, que é do tamanho do estado do Rio de Janeiro, tem 25 usinas.

A técnica em química Cristiana Passinato frisa que o lixo pode ser revertido em dinheiro e insumos para outros produtos. "As alternativas precisam ser incentivadas. Acredito que em 20 anos, ou até menos, teremos tecnologias mais inteligentes para resolver o problema do plástico", prevê. Para ela, no entanto, a educação ambiental ainda é o cerne da questão.

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