Por Osni Gomes
Semana passada, quando fazia algumas compras em um Supermercado, tive o prazer de presenciar e participar de um fato bastante interessante. O responsável pela balança no setor de frutas e verduras não estava nem um pouco à vontade com o trabalho. Muitas pessoas para serem atendidas e ele demonstrando completo desconhecimento da codificação dos produtos, bem como total falta de preparo para manusear o instrumento de medição.
De repente, vendo que a situação já estava bastante complicada para ele, resolveu pedir socorro para a Dona Maria. Por alguns minutos, a cena que se via era o rapaz gritando o nome dos produtos e a Dona Maria, de um corredor próximo, respondendo os respectivos códigos para que a mercadoria fosse pesada. Como a Dona Maria não estava com nenhum uniforme do estabelecimento, mas sim com um carrinho no qual colocava as mercadorias que comprava, fiquei ainda mais curioso para saber o que estava ocorrendo.
Quando chegou a minha vez de ser atendido pelo rapaz da balança, comecei a desvendar o mistério. Descobri que o responsável oficial por esta função fora deslocado para a descarga de um caminhão de mercadorias. Descobri também, através do rapaz, que a Dona Maria não era cliente, mas "estava" cliente naquele momento e que também era funcionária e que começaria o expediente na parte da tarde.
Com a curiosidade satisfeita, fiquei com uma vontade danada de conversar com a Dona Maria. E assim o fiz. Me aproximei e disse a ela que estava observando a algum tempo o que ocorria na balança e que fiquei sem entender muito bem o motivo. Foi quando a Dona Maria me respondeu : "Olha meu filho, porque isso está acontecendo eu não sei não, mas sei que trabalho aqui a muitos anos e sei o tamanho do sufoco que este menino que está na balança hoje está passando."
Como tenho o hábito de parabenizar as pessoas que fazem além do que se espera delas, cumprimentei a Dona Maria, ao que ela respondeu : "Obrigada pelo elogio. Sabe como é né? Depois de muitos anos a gente acaba aprendendo."
Fiz questão que a Dona Maria entendesse que os meus cumprimentos não eram por ela saber todos os códigos dos produtos, mas principalmente pela solidariedade, companheirismo, boa vontade, simplicidade e disponibilidade não só com o colega em apuros, mas também com a clientela.
Em um cenário onde muitos não encontram ânimo para cumprir as suas atribuições do dia a dia, para compartilhar com os outros as informações que têm, feliz a organização que, nos momentos difíceis, tem o privilégio de olhar para o lado e ver uma Dona Maria.
Autor : Osni Gomes
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