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6.02.2008

Gestão de carreiras

Chegar ao topo
Por Rodrigo Campos

A abordagem clássica sobre carreira nos ensina a planejar, focar e organizar nossas ações em benefício de determinados objetivos. O caminho para o sucesso é descrito como uma escalada. Tal qual o alpinista, o profissional deve definir sua meta, estudar, planejar, equipar e executar seu plano rumo ao topo.

Vamos tomar como exemplo a escalada do Monte Everest. As dificuldades são sabidamente enormes e os erros podem ser fatais. Muitos desistem, outros ficam pelo caminho, os poucos que alcançam o topo lá ficam por pouquíssimo tempo, há aqueles que padecem ao deixá-lo e ainda há quem volte a visitá-lo.

Desde 1921, várias tentativas de chegada ao topo do Everest foram feitas. Até o final de 2001, 1491 pessoas conseguiram 172 não retornaram. Em 1924, George Mallory e Andrew Irvine, britânicos, fizeram uma tentativa da qual jamais retornaram. Não se sabe se atingiram o pico e morreram na descida, ou se não chegaram até ele, já que o corpo de Mallory, encontrado em 1999, estava com objetos pessoais, mas sem a foto da esposa, que ele prometera deixar no pico.

A primeira ascensão foi feita pela expedição anglo-neozelandesa em 1953, dirigida por John Hunt. Em 1975, Junko Tabei tornou-se a primeira mulher a alcançar o topo do Everest. A primeira ascensão sem oxigênio foi feita por Reinhold Messner e Peter Habeler em 1978. Em 1980, Reinhold Messner efetua a primeira ascensão solitária. Em 2001 Erik Weihenmayer foi o primeiro alpinista cego a atingir o topo [casca grossa, hein?!].

O Monte Everest continuará no seu lugar sempre disponível para receber novos alpinistas. Não é o Everest quem desafia o alpinista, é o alpinista que se sente desafiado por ele. O que fazer depois de alcançar o topo e como lidar com a impossibilidade de conseguir fazê-lo? Se bem sucedida, até que ponto essa conquista nos nutri? Se mal sucedida, até que ponto o insucesso nos afeta?

Nossa sociedade tem como característica o laço social vertical, onde buscamos o ponto de referência “acima” de nós. Mas, será que não há sucesso ao nosso lado?

Apesar de gostar de escalar, admirar e buscar inspiração na coragem dos alpinistas, vejo que para alguns o topo não é o lugar a ser alcançado, e para esses o sucesso pode estar em outros lugares, até mesmo em planícies.

Sucesso é chegar onde desejamos ou mesmo decidir seguir para outro lugar.

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