Apesar de serem cada vez mais numerosos e frequentes, em Portugal, os congressos, as conferências e até a formação pós-graduada sobre o tema da reabilitação urbana, continuamos a constatar erros e falhanços aparentemente incompreensíveis em muitas intervenções recentes realizadas nos nossos centros históricos.
São diversas as fragilidades no modo como ainda se aborda esta complexa questão e detectam-se logo na metodologia de análise. É sabido que muitos dos Planos de Pormenor de Centros Históricos são geralmente elaborados por equipas onde nem sequer se incluem especialistas em História do Urbanismo e em Conservação Integrada, tendo como resultado quase inevitável planos pouco (ou mal) fundamentados.
Ora, não se conhecendo em detalhe todas as causas históricas de abandono e degradação, rua a rua, não se podem esperar propostas de intervenção garantidamente bem sucedidas. Não se conhecendo o efectivo valor dos centros históricos como conjuntos e a importância da sua arquitectura de carácter vernacular, não se podem esperar propostas de intervenção com critérios adequados.
Não havendo capacidade de previsão, baseada nas leis do urbanismo orgânico e na antropologia do espaço, o índice de insucesso nas intervenções acaba por ser forçosamente muito elevado, com óbvios prejuízos a todos os níveis: sociais, económicos, ambientais, patrimoniais, etc.
Mais do que reabilitar os edifícios, mais do que intervir avulso em quarteirões e em espaços públicos, é sobretudo necessário recriar e restaurar a lógica dos núcleos urbanos antigos, dentro de um espírito ainda pouco experimentado em Portugal, mas que foi sendo defendido, já há alguns anos, nos International Courses on Integrated Territorial & Urban Conservation, organizados pelo ICCROM.
Hoje, é já evidente que a questão dos centros históricos não é um mero problema da Arquitectura, ou até do Planeamento Urbano. Várias áreas do saber são cada vez mais chamadas a contribuir para o estudo dos centros históricos e para as subsequentes estratégias de intervenção e de conservação: a História da Arte, a Antropologia, a Arqueologia Urbana, a Sociologia Urbana, o Turismo, a Mobilidade e a Engenharia de Transportes, a Geografia Urbana, a Conservação e Restauro, a Museologia, a Economia, a Engenharia Civil, a Arquitectura Paisagista, o Design Urbano, a Gestão de Património, o Direito, etc. Ainda assim, o Restauro Urbano Integrado não constitui um mero somatório de saberes. Trata-se de uma área interdisciplinar recente e com fronteiras ainda mal definidas.
Neste curso livre de Restauro Urbano Integrado, apresentar-se-á um conjunto de metodologias inovadoras de análise e de novas estratégias de intervenção, tendo como base uma apreciação crítica global sobre os últimos trinta anos de reabilitação urbana em Portugal.
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..:: Foto: "Ruínas do Abarebebê", Peruíbe (São Paulo, Brasil).
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