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12.02.2008

E quando o RH é estratégico, mas os colaboradores não?

Por: Cristiane de Oliveira Araújo

Em tempos de grandes mudanças, competitividade acirrada e conhecimentos testados constantemente, muitas pessoas acabam se perguntando por qual motivo o RH de sua empresa continua estacionado, preocupando-se apenas com o antigo modelo de Departamento Pessoal e deixando colaboradores desmotivados. É essencial que uma empresa moderna, arrojada e motivadora tenha um RH focado em pessoas, alinhado aos objetivos da organização, mais comumente chamado de "RH Estratégico".

Em estudos sobre RH Estratégico, uma empresa particularmente me chamou a atenção; não exatamente sobre sua forma de atuação junto aos colaboradores, mas justamente o contrário, ou seja, a atuação dos colaboradores junto à empresa. A equipe de RH juntamente à alta direção da empresa mantém uma visão muito apropriada de gestão de pessoas, procurando manter a empresa sempre competitiva e estratégica, através da qualidade e principalmente satisfação e motivação dos seus talentos internos. São diversas as idéias: assistência médica e odontológica, convênio com farmácia, com estacionamento, com ótica, com clínica multidisciplinar (nutricionistas, fisioterapeutas, dentistas, massoterapeutas, psicólogos etc.), convênio com clínica de estética, academia etc.

Há também alguns benefícios na área de Treinamento e Reciclagem, como professor particular de Inglês e Espanhol na empresa e cursos voltados para o core business da organização, além dos que são realizados pela própria equipe de Recursos Humanos da empresa, como cursos de Como Falar em Público, Liderança, Administração do Tempo, Português entre outros. O mais interessante, no entanto, não é a surpresa que temos em ver que o RH realmente se interessa pela satisfação do colaborador, mas sim, em verificar que, apesar de em muitos dos benefícios a empresa auxiliar financeiramente, os colaboradores não se interessam.

Muitos dos convênios realizados são cancelados por conta do número insuficiente de participantes, o que não interessa para a empresa que oferece o convênio. Algumas considerações, portanto, merecem uma reflexão de nós, gestores de RH, tão preocupados na satisfação e motivação de colaboradores e que permanecem na busca constante por um RH Estratégico. Afinal, o que fazer quando o RH é Estratégico, mas os colaboradores não?

Uma organização é composta por diversas pessoas, sendo que cada uma é diferente da outra, tanto em capacitações e habilidades, quanto no seu modo de pensar e agir. A área de T&D deve sempre estar muito atenta a esses fatores, permitindo que todos os colaboradores possam desenvolvê-los dentro de sua realidade. Algumas características, no entanto, são próprias de cada um e passíveis ou não a mudanças.

Imagine que o mundo competitivo e cheio de incertezas na qual vivemos possa ser comparado com uma selva, onde os mais ágeis, sagazes e que têm mais facilidade de se adaptarem a nova realidade são os que conseguem sobreviver. Esses animais possuem o que nós, seres humanos também possuímos, no entanto, de um modo mais civilizado: o instinto de sobrevivência. É ele que nos auxilia em momentos de perigo, dando a agilidade e sagacidade para que possamos reagir a uma situação da melhor forma possível e consigamos alcançar nossos objetivos.

Trazendo essas perspectivas para o mundo corporativo, é isso que faz mantermo-nos sempre atentos ao que está à nossa volta, a competitividade ameaçadora e a consciência de que apenas os melhores sobrevivem nessa constante luta que é a vida. É isso que sempre nos impulsiona a sermos melhores, a estarmos atentos. Mas, o que acontece com as pessoas na qual esse instinto mostra-se um pouco "adormecido"? Assim como os animais da selva, esses são facilmente "abocanhados" pelos predadores que, mais preparados, de acordo, com o seu contexto, vencem e alcançam seus objetivos.

Esse adormecimento é muitas vezes instalado pela acomodação, um modo de pensar/agir que nos faz acreditar que o perigo está longe e que não há motivos para preocupação, pois a zona em que estamos é totalmente segura é estável. Tudo isso é totalmente antagônico à realidade em que vivemos hoje, entretanto, esse pensamento ainda constitui boa parte do modo de vida de muitas pessoas. É ele que faz com que elas não acordem, que seu instinto de sobrevivência não aja adequadamente, pois acreditam que tudo isso está muito distante dos seus olhos. É ele que faz com que as pessoas não se capacitem, não adquiram novas habilidades, não se preocupem em ser sempre melhores do que ontem e dessa forma, infelizmente, cabe a essa pessoa esperar seu predador com chances remotas de sobrevivência.

Cabe a nós, portanto, como gestores de RH, despertar, da maneira mais saudável, o instinto de sobrevivência dessas pessoas. Dessa forma, mostrando-as a importância de estarem sempre atentas, preparadas e, acima de tudo, tornarem suas vidas estratégicas nesse mundo extremamente competitivo, para que possam sempre traçar e concretizar seus objetivos.

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