Neymar é o novo Messi?
Enquanto os apreciadores do bom futebol começam a fazer suas apostas, esperando um duelo entre a revelação brasileira e o melhor jogador do planeta, a Argentina já comemora o impacto econômico da 43ª edição da Copa América antes mesmo de a bola rolar. O torneio começa no dia 1º, com uma previsão de gerar negócios em torno de US$ 1 bilhão no país vizinho, segundo o Comitê Organizador Local (COL).
É uma fração quase insignificante perto das cifras astronômicas que movimentarão a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil, mas nada mau para os argentinos, que não sediam um grande evento esportivo desde os Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata, em 1995. Também significa o dobro do impacto econômico verificado na edição anterior do torneio, realizado há quatro anos, na Venezuela.
Há ganhos intangíveis, como a divulgação da marca-país para até 4 bilhões de telespectadores em mais de 200 nações, de acordo com José Luis Meiszner, presidente do COL. "É uma oportunidade única para abrir as portas do país ao mundo", diz o cartola. Outros negócios são mais previsíveis. O comitê calcula que o turismo movimentará - contando gastos em hotelaria, restaurantes e transporte - US$ 475 milhões. Os direitos televisivos somam US$ 160 milhões. Os jogos serão transmitidos no Brasil. O restante vem de recursos de patrocinadores, reformas de estádios e venda de ingressos. Não está na conta o mais novo atrativo lançado pelo governo: o programa "LCD para Todos", que pretende vender pelo menos 200 mil aparelhos de tela plana e com decodificadores de televisão digital, subsidiados e parcelados em 60 vezes, até setembro, mas aproveitando o apelo de assistir à Copa América em alta definição.
A competição também é recheada de nuanças políticas. Com a exceção recente da Venezuela, que distribuiu o torneio por nove cidades, nenhum país descentralizou tanto a Copa América nas últimas décadas. Desta vez, serão oito subsedes. Curiosamente, aliados da presidente Cristina Kirchner foram os principais beneficiados, às vésperas das eleições presidenciais, em outubro, e em meio a vários pleitos regionais. Das 26 partidas, apenas a final será realizada em Buenos Aires, administrada pela oposição e onde o candidato apoiado pela Casa Rosada tem poucas chances de vencer. Em compensação, a Província de San Juan, governada por um fiel aliado de Cristina, receberá três jogos e foi premiada com recursos federais para o único estádio construído especificamente para a competição, com capacidade para 25 mil pessoas.
Pode ser bom para o kirchnerismo, mas certamente dará dor de cabeça aos fanáticos que queiram seguir sua seleção por diversas cidades-sede, por causa da baixa conectividade da malha aérea argentina - excessivamente concentrada na capital.Vale a pena prestar atenção no Ciudad de La Plata, provavelmente o estádio mais moderno da América do Sul na atualidade, com uma cobertura recém-inaugurada, que será palco da estreia do Brasil, no dia 3, contra a seleção venezuelana. Para a Argentina, o sucesso na organização do torneio ajudará a embalar sua pré-candidatura para a Copa do Mundo de 2030, que sonha em sediar com o vizinho Uruguai. Até lá, os "hermanos" esperam ver Messi levantando muitos troféus. A gente torce para que não.
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