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9.13.2009

Recompensa funciona melhor que punição, mostra estudo de Harvard

New Scientist - na Folha de S. Paulo

Quer cooperação? Recompensar acertos pode ser mais eficaz que punir os erros, indica um novo experimento em teoria dos jogos, divulgado na revista "Science" desta sexta-feira (4).

No jogo dos Bens Públicos - um modelo de economia experimental -, jogadores escolhem se querem ou não contribuir com dinheiro para um montante comum. Este é multiplicado e redistribuído igualmente, independentemente de quem contribui e de quem não o faz.

Quando as pessoas jogam uma versão pura do jogo, a tentação de tirar proveito da situação - pegar a recompensa sem contribuir nada - frequentemente leva à rápida desintegração da cooperação.

Pesquisa anterior mostrou que a cooperação é promovida ao permitir que os jogadores punam os aproveitadores: jogadores cooperativos pagariam uma pequena taxa que os permitisse infligir uma perda ao transgressor. Esta abordagem era mais efetiva que a recompensa, pelo menos em jogos em que os jogadores trocavam de parceiros a cada rodada.

David Rand e seus colegas na Universidade Harvard, que trabalham com assuntos tão diversos como economia, matemática e biologia, modificaram o jogo dos Bens Públicos para refletir o que eles argumentam ser um cenário mais natural: as pessoas jogam com o mesmo grupo por muitas rodadas, estabelecendo reputações uma com a outra.

Os jogadores poderiam escolher recompensar ou punir os outros a uma pequena taxa, caso o fizessem. Rand percebeu que recompensar ou punir conduziam igualmente à cooperação e a ganhos maiores.

No entanto, quando os jogadores tinham a opção de punir ou recompensar, e escolhiam recompensar, eles terminavam com um ganho final líquido ainda maior. "Ajudar o grupo acabava se tornando de interesse individual", diz o pesquisador.

"Você coça as costas do grupo e eu coço as suas", exemplifica.

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Sam Bowles, professor de ciências comportamentais do Instituto Santa Fé, em Novo México, aponta que o jogo de Rand não reflete de maneira precisa economias reais. Ele indica, por exemplo, que sob as leis de Rand, o doador pagava US$ 4,00 e o beneficiado "magicamente" recebia US$ 12,00. Ele chama isto de um cenário artificial. "Se você pode levar embora o almoço de graça, tem alguma coisa errada", diz Bowles.

Rand explica que tais recompensas desproporcionais frequentemente acontecem quando nós investimos tempo, esforço e dinheiro ajudando as pessoas à nossa volta: ajudar um amigo a mudar os móveis, por exemplo, ou indicar um colega para uma promoção.

Ações como estas podem ter um menor custo para nós do que o benefício que podem proporcionar aos outros. "Este tipo de interação produtiva é a base de nossa sociedade e não deveria ser desconsiderada", argumenta ele.

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