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12.15.2008

Qualquer semelhança é mera coincidência...

Era uma vez uma empresa nacional no setor de Tecnologia de Informação fundada por dois sócios brasileiros muito empreendedores. Estes dois jovens iniciaram suas atividades empresariais com o grande sonho de tornar o seu pequeno negócio em uma grande companhia, expandido as atividades internacionalmente e tornando-a conhecida mundialmente.

Esse sonho se concretizou
. Após quatro anos de atividades no Brasil, a jovem empresa ganhou sua primeira filha, uma filial no Vale do Silício, na Califórnia, que passou a conviver com grandes organizações como Cisco, Microsoft, Avocent etc. Outras filhas vieram e, em um período de dezesseis anos, mais quatorze “filhas” foram “concebidas” na Europa e no Continente Asiático.

Durante esse período, os dois jovens empreendedores fizeram questão de imprimir seu estilo de gestão – respeitando as particularidades de cada uma das filhas - caracterizado pelo foco nas pessoas, nos resultados, comprometimento e trabalho em equipe, além do clima de cooperação e de bom humor presente no dia-a-dia.

Por: Carmelita Avellar A transparência era uma “prima” muito próxima e o convívio era diário. Metas e resultados eram compartilhados. Todos tinham muito claro quais eram os seus respectivos papéis e responsabilidades. Diante deste clima tão positivo, alinhado a um produto com excelente inserção no mercado, vários pretendentes começaram a assediar mãe e filhas com muita freqüência, para uma possível aquisição. Os dois jovens empreendedores passaram a receber propostas quase indecentes, o que os levou a ceder à tentação e dar a mão da mãe a um poderoso comprador.

Após análise criteriosa avaliando prós e contras, finalmente os dois jovens escolheram o pretendente que levaria a mãe e todas as filhas. Preocupados com os netos da mãe, filhos das filhas, os dois jovens, logo após o aceite do “pedido”, não tardaram em contar a todos que brevemente eles teriam um novo “pai” pedindo a ajuda da “prima” transparência, para esclarecer as dúvidas no processo de transição. Se esta estória terminasse aqui, certamente teria um final muito feliz. No entanto, o poderoso comprador, receoso de perder um só tostão do investimento feito na compra da mãe e das filhas, por não estar presente no dia-a-dia, principalmente da mãe, resolveu nomear um tutor para tomar conta da grande família.

Mas o escolhido foi um jovem com princípios e valores muito diferentes daqueles praticados por mãe e filhas, o que tornou a cerimônia de casamento traumática. Esse jovem era aristocrático e gostava do “poder”. Estudou em boas escolas e teve uma bela ascensão profissional, muito rápida, em detrimento da falta de ética e profissionalismo que imperava no seu estilo de gestão.

Logo quando assumiu a sua função de tutor, foi apresentada à “prima” transparência, a quem odiou no primeiro minuto. Fez questão de colocá-la para fora com o argumento de que ela contaminaria os preparativos para cerimônia, podendo desvirtuar mãe e filhas. Com a partida da prima transparência, todos começaram a ficar receosos com o desenrolar da cerimônia, o que os levou a pensar que a estória de fato, não teria um final feliz.

Mas o jovem Maquiavélico, também tinha seus parentes próximos, a quem fez questão de abrir as portas para introduzi-los na convivência de mãe, filhas e netos. Ele dizia que os seus primos eram experientes e tinham muita vivência em cerimônias daquele tipo. O primeiro primo apresentado foi o autoritarismo, um senhor que dava ordens aos berros e que mantinha as pessoas sob o seu domínio, através de uma postura impositiva, arrogante e dominadora.

A segunda era uma prima, a Soberba. Esta era extremamente orgulhosa e presunçosa e fazia questão de deixar claro, a sua superioridade não hesitando em humilhar a todos. O jovem Maquiavélico e seus primos reinaram absolutamente. Suas ações eram motivadas por interesses pessoais em detrimento dos objetivos da organização, não respeitando em nenhum momento o direito das pessoas envolvidas. Esse estilo de gestão trouxe sérios danos a todos os envolvidos, principalmente aos filhos das filhas, netos da mãe.

Aqueles mais corajosos foram para o embate direto com o jovem Maquiavélico, o que o deixou furioso, levando a demitir bons profissionais de forma injusta e desrespeitosa. Essa atitude trouxe sérias conseqüências para a mãe, pois vários netos demitidos nesta situação a processaram por assédio moral. Outros netos, receosos pela situação instável em que viviam, optaram por calar frente à tirania do jovem maquiavélico, somatizando toda a raiva e revolta que sentiam frente à situação injusta em que viviam.

Por diversas vezes, os “netos da mãe” tentaram acionar o todo poderoso comprador, através de diversos canais, para informá-lo do ocorrido com mãe e filhas, mas infelizmente nunca foram ouvidos. Cabe ressaltar que durante o processo de escolha do tutor, o grande comprador, foi alertado sobre o perfil maquiavélico do escolhido, mas não abriu mão da sua escolha sob o argumento de que precisava de alguém com “pulso firme” para promover as mudanças necessárias, ignorando completamente que o tipo de negócio adquirido, por sua característica de atuação, tinha como um dos principais diferenciais competitivos as pessoas.

Diante do quadro, muitos filhos abandonaram suas mães e a avó, buscando conforto e adoção das “mães concorrentes”, que os acolheram de braços abertos. O jovem maquiavélico continuou a reinar, certo de que sua dinastia perduraria por longos e longos anos, mas sem observar que ao perder grande parte do principal ativo da organização, tinha perdido também a capacidade de competir no mercado. Esse fato, pouco a pouco passou a refletir nos resultados, deixando mãe e filhas menos valiosas no mercado em que viviam.

O poderoso comprador, rapidamente percebeu que havia cometido um erro ao contratar o jovem maquiavélico e não hesitou em expor “sua cabeça”, deixando-o entregue a toda má sorte de rejeição de um mercado de trabalho cruel e competitivo, cujo principal diferencial entre os grandes príncipes que reinam felizes em suas organizações, é a capacidade de agregar pessoas sob a ótica do resultado.

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