..:: [Pesquisa] ::..

..:: [Translate] ::..

5.15.2008

O profissional hoteleiro num mundo globalizado

Olá pessoal!!
Gostaria de compartilhar o brilhante artigo da Professora Roberta Sogayar (docente da Escola de Turismo e Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi). Material bastante esclarecedor tanto aos profissionais de RH, quanto a estudantes das diversas áreas da Hospitalidade ou, ainda, de gestão de pessoas. Boa leitura!!

O mundo globalizado e suas práticas sempre me impressionaram devido à velocidade das transformações nos mais diversos campos. Mudanças de comportamentos, hábitos de consumo, processos de internalização e terceirização de serviços, cadeias de distribuição globais, entre outros desdobramentos que se tornam cada vez mais comuns.

Dentre todas essas mudanças, um dos campos que mais me chama a atenção é a formação (e a desinformação) do profissional da área de hospitalidade. A formação dos alunos no segmento da hospitalidade no Brasil vem se especializando cada vez mais, trazendo as melhores práticas dos quatro cantos do mundo.

Muitas universidades brasileiras formam parcerias com instituições de ensino de outros países, possibilitando intercâmbios culturais atraentes do ponto de vista técnico e cultural.

Entretanto, muitos alunos deste segmento parecem não estar situados no novo perfil profissional que o mundo globalizado requer. O despreparo é tamanho que, quando se deparam com leituras em inglês, por exemplo, brandem a revoltosa contestação de estarem em uma faculdade brasileira, e que, portanto as leituras deveriam ser no idioma local, não revelando a real causa de sua revolta, que é a incapacidade de se comunicar em uma língua estrangeira. A necessidade de sociabilização e aceitação de novas culturas também lhes provocam medo, insegurança e falta de informação.

Portanto indago:
o que o aluno brasileiro espera de uma formação superior nas áreas de turismo e hospitalidade? Felizmente, o estigma da facilidade de formação no setor é passado, visto que as melhores universidades brasileiras se equiparam na formação técnica às melhores universidades do mundo e, sendo assim, o aluno inicia seu curso com uma clara visão de seu campo de trabalho e áreas de estudo.

Entretanto, os alunos, apesar de estarem sintonizados com as mais diversas tecnologias, ainda não estão preparados para serem um profissional de atuação global.

Em recente visita à escola de Hospitalidade de Glion, na Suíça, estive imersa em um cenário de educação globalizada. Para começar, a escola oferece um corpo docente de diferentes países unificados pela língua inglesa, apesar de na cidade em questão falar-se oficialmente o francês.

As turmas de alunos nos impressionam ainda mais por sua diversidade cultural: em uma única sala havia alunos do Camboja, da França, do México, dos Estados Unidos, do Vietnã, do Equador, da Alemanha e da Espanha, entre outras nacionalidades.
Nas horas de estudo, na biblioteca, era maravilhoso observar os pequenos grupos, agora não mais segregados em sua própria cultura, mas sintonizados com as diferentes visões de mundo que cada colega poderia agregar.

As dinâmicas de aula utilizadas por alguns professores enfatizavam ainda mais a percepção, o respeito e o preparo do aluno para lidar com a cultura alheia, além de os exemplos e os estudos de caso serem, em sua maioria, voltados para os fatos globais da área e não somente da Suíça ou da União Européia.

A Central de Estágios desta escola realiza a captação de vagas ao redor do globo e aloca os alunos em países diferentes do seu de origem e, no caso de um segundo estágio, o aluno será enviado para um terceiro país a fim de ampliar a área de atuação do profissional.

Assim, o conhecimento do aluno é potencializado para se tornar um profissional de hospitalidade global. Não importa o cenário, esse aluno estará apto a lidar com as mudanças culturais, a adaptar-se a novos padrões e, principalmente, terá habilidade para lidar com os diferentes públicos.

Sendo assim, o aluno dos cursos de Turismo e Hospitalidade deve estar atento ao atual cenário global, reagindo positivamente a este mercado através do aprendizado de idiomas, do respeito às diferentes culturas e da busca das melhores práticas no setor.

Em contrapartida, as instituições de ensino brasileiras não podem mais fechar os olhos para o que está acontecendo - elas têm a obrigação de exercitar as competências técnicas, intelectuais e pessoais do aluno para que ele não seja desbancado pelo profissional global.

O foco desta discussão está nas habilidades interpessoais do aluno, já que interferem diretamente na entrega do conhecimento técnico. De que adianta o aluno tornar-se um excelente financista, analista de investimentos voltados para o desenvolvimento de complexos hoteleiros, e não saber comunicar-se com os investidores estrangeiros, saber se posicionar perante grupos com diferentes códigos de comportamento?

Este é um alerta aos jovens que idealizam uma carreira no setor de Turismo e Hospitalidade - para que possam correr atrás do "tempo perdido" -, e também aos educadores que, como formadores de opinião, têm a obrigação de entregar um conteúdo de disciplina no formato globalizado.

Notícia publicada sexta-feira, 9 de maio de 2008 em Hôtelier News!

3 comentários:

Prof. Dr. Aristides Faria disse...

O artigo é brilhante mesmo! Gostei muito do "desenho" da idéia! Estou em acordo com o pensamento. Mas, gostaria de apresentar minhas decepções com o mercado de Hospitalidade:

01. Comércio do ensino superior nas diversas áreas do segmento. Já que haverão textos em inglês, a barreira não deveria ser o vestibular? Se o intento é a socialização, não deveriam ser aplicadas dinâmicas de grupo no vestibular?

02. Desregulamentação. Bom, a pessoa passou na seleção (vestibular, ENEM, análise curricular, etc), pagou (ou não) as mensalidades e demais investimentos, quando chega ao mercado (o faz diretamente pois não há nenhum "exame da Ordem") tem de ceder sua vaga pois o outro candidato mora mais perto e aceita o salário;

03. Falta de concursos públicos. Passei no concurso público da SPTurismo. E daí? Tudo não passou de uma fraude. Aliás, sem surpresas, pois esles estão nesta vida há tempos. Fazendo concursos bem semelhantes de ano em ano e não convocando a grande massa que pagou caro pelo direito de fazer a prova. E olha que eu fiquei empatado em 5º;

04. Falta de institucionalização. Já que não temos um Conselho profissional, poderíamos apoiar as ABBTUR's regionais. Mas, como desde a graduação não somos criados com a visão política/militante necessária, acabamos nos formando sem interesse em nos vincular a um grupo profissional. Total desinteresse.

E por aí vai! Cada um que comentar vai apresentar um outro tanto de decepções. Sou feliz neste mercado, me dedico diariamente a este setor, acredito contribuir para a construção de uma imagem mercadológica positiva. Estudo e publico artigos sobre nossa área, em eventos que não são direcionados ao nosso setor, inclusive. Busco no blog dar uma cara "business" ao turismo. Procuro valorizar a profissão e os colegas! Agora, que tá complicado... isto está, bro!

Um caloroso abraço!
Aristides Faria

Prof. Dr. Aristides Faria disse...

Somo que ao falar em formação acadêmica, formação superior... infere-se à mudança de comportamento e a indução a novos níveis de desempenho e de alcance intelectual.

A todo custo!

Lucas disse...

Excelente esse artigo.
Essa prática realizada pela Universidade suíça é tudo que eu quero na minha vida. Conhecer novas pessoas,novas culturas e maneiras de ver o mundo.
Infelizmente o corpo discente brasileiro ainda carece dessa visão global e também devemos considerar que a realidade européia é muito diferente da nacional.
Porém acredito que em um futuro próximo as coisas melhorem significativamente.